domingo, 26 de setembro de 2010

CÉU DE ESCADA (parte)

...
Essa noite, a mulher sentou-se nos degraus da escada da cozinha. Olhou para o céu de estrelas, limpo, grandioso como Deus.
A mulher viu seu rosto espelhado no céu dessa vez. Cada estrela, uma história vivida. A imensidão e sua paz. O escuro que não trouxe medo dessa vez, afinal, azul ainda.
Tenta ela não questionar o passado. Chega de balanços. Resta-lhe o resultado. Aceita-se como é, ou quase isso.
Olha para o céu ainda. As estrelas, histórias vividas permanecerão por milhões de anos, como e apenas isso: histórias vividas.
Em alguns momentos a mulher com pele resistente ainda. Em outros, a criança feliz.
Ela tende a questionar a imensidão azul escuro. A felicidade estaria finalmente a caminho? A visão do infinito sugere todas as possibilidades. Sonhar de novo. Mais que isso.
A imagem refletida no céu de escada convida...primeiros passos ainda. O bom paraquedista segura-se para não saltar antes, tamanho seu desejo de voar. Assim é.
A mulher um tanto cansada deita-se, dormir consigo.
.....
Bate o cretino do caboclo no vidro da janela. Pergunta primeiro, como pudera ela essa noite ter escrito sem que ele estivesse presente?
Segundo, quando, afinal, pretende ela desfazer-se dessa pele?
Enxerido, encrenqueiro, leva hoje apenas o sorriso da mulher. Terão ainda muitas estrelas prá contar.

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