domingo, 26 de setembro de 2010

ALMA FEMININA


Fadas

Noite longa, vida curta. Eu e o chileno a esperar essa segunda que não chega.
Orçamentos feitos, preços dos sonhos sonhados. Todas as tarefas para, cumpridas. Agora, aguardar. E haja ponteiros de relógios pacientes. Duas noites mal dormidas, não dormidas, incompletas. Ora com sonhos sonhados, ora olhando ponteiros digitais na tela. Aguarda-se. Aguarda-se. Como futuro pai na sala de espera.
Enquanto isso, povoa-se a mente. Livros,...”fala sério”. História nenhuma tem o apelo da sedução, da história contada até aqui. Nada do que há por perto é apelo convincente.
Se não livros, meditação e oração. Depois de um tempo, concentração duvidosa.
Ou ainda, como sempre faço. Sempre que quero criar, escolho o tema, a essência, e povôo a cabeça de imagens. O olhar atrás dos olhos, entupindo de imagens, ângulos, possíveis boas idéias. Containers de imagens. Para depois escolher algumas e desfazer-se das demais como flor despetalando. Sem consciência ambiental.
Gosto das imagens femininas. Não me sinto erotizada na expressão. O corpo feminino  é visto desde que nasci, portanto lugar comum. Mas a essência feminina. Essa justificaria o estudo de uma vida. Tem seu apelo para mim. Tanto que sempre vi a homossexualidade feminina como simples olhar no espelho, resultado de amor-próprio definido e maduro.
Gosto de ver o movimento feminino. Caetano em sua pseudo bi-sexualidade para mim,  a descreve de forma interessante. Ama tanto a alma feminina que permanece homem apenas para tê-la. Sabe não seria suficientemente eficaz em copiá-la.
Enfim, pesquisando imagens, fiquei pensando na quantidade de gente boa que tenta reproduzir o que, em algum momento das nossas vidas, são as imagens das fadas. Material extenso para tentar reproduzir aqui no seu amplo significado para meros mortais. Aliás, sintonizo-,me com qualquer pessoa que tenha buscado significados, imagens e até interferência desses seres imaginários em suas vidas. Não pelos significados, mas compreendo que são pessoas que como eu, têm suas pontes de fios de prata, que passeiam por outras esferas, explorando todas as possibilidades onde suas mentes e almas consigam alcançar.
Ainda, as fadas. Que imagens sensacionais artistas foram criadas por conta do tema. Mulheres sempre lindas, esguias, com asas transparentes, diferentes das imagens das mulheres-anjos, estas de penas. Seres tão leves capazes de voar. Mais que isso. Seres mágicos, capazes de tornarem reais os desejos de humanos carentes de algo. Os anjos também.
De acordo com a teoria cristã, anjos são assexuados. As imagens, não. Mulheres belíssimas. Suas asas, com penas como da águia real que guardo no quarto, dão-nos a sensação de força para poderem voar. Talvez precisemos pensar em nossa possível “porção-anjo”, no percentual de pureza que desejamos e precisamos ter em nosso corpo e alma. Talvez esteja aí a sedução do olhar parado naquelas asas e rosto angelical. Algumas imagens, com a figura feminina, meio anjo, meio demônio, mostrando os necessários dois lados que todos temos.
As fadas, ainda.A beleza e a leveza. Inseridas num milhão de teorias sobre o assunto. Tem classificações, como a “fada do sol”, “fada disso”, fada daquilo,...normalmente seres da natureza. Há centenas de anos criadas, e já com preocupação ambiental.
De qualquer forma, seres belíssimos. Adoro suas orelhas pontiagudas.
Pensava em tudo isso, enquanto namorava mais um pedaço de parede do meu quarto. Os próximos personagens, só me vêm alados. Fácil ver a vontade de voar. Devo dar pouco trabalho a minha terapeuta. Amaria mulheres-anjo com orelhas pontiagudas.
Inicialmente as imagens de mulher-anjo.  A idéia da morte me fez parar por segundos.
Ainda não. Prefiro explorar a beleza das muitas paredes que ainda pretendo criar. A idéia do outro lado parece ter paredes, se houver, etéreas demais para meus grafites. Não conseguiria esfumaçar como gosto. Quero ainda muitas paredes frias, aquecê-las com a expressão da minha alma. Registrar minha passagem por aqui.
A tentativa hoje, poética além da conta, é a tentativa de desprezar os ponteiros. Concentrada em uma viagem escolhida, interessante o suficiente, não banal o suficiente, filosófica o suficiente. Ainda que seja um quebra-cabeças que acrescentará algo mais a minha existência.
Pela manhã, terei convivido com o ponteiro digital e de quebra, um tanto mais inspirada. Apaixonada. Sem o quê, não seria Andréia.
Amo.
19.07.2010 (dias antes do Dia D)

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