segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
ALMA FEMININA
Fadas
Noite longa, vida curta. Eu e o chileno a esperar essa segunda que não chega.
Orçamentos feitos, preços dos sonhos sonhados. Todas as tarefas para, cumpridas. Agora, aguardar. E haja ponteiros de relógios pacientes. Duas noites mal dormidas, não dormidas, incompletas. Ora com sonhos sonhados, ora olhando ponteiros digitais na tela. Aguarda-se. Aguarda-se. Como futuro pai na sala de espera.
Enquanto isso, povoa-se a mente. Livros,...”fala sério”. História nenhuma tem o apelo da sedução, da história contada até aqui. Nada do que há por perto é apelo convincente.
Se não livros, meditação e oração. Depois de um tempo, concentração duvidosa.
Ou ainda, como sempre faço. Sempre que quero criar, escolho o tema, a essência, e povôo a cabeça de imagens. O olhar atrás dos olhos, entupindo de imagens, ângulos, possíveis boas idéias. Containers de imagens. Para depois escolher algumas e desfazer-se das demais como flor despetalando. Sem consciência ambiental.
Gosto das imagens femininas. Não me sinto erotizada na expressão. O corpo feminino é visto desde que nasci, portanto lugar comum. Mas a essência feminina. Essa justificaria o estudo de uma vida. Tem seu apelo para mim. Tanto que sempre vi a homossexualidade feminina como simples olhar no espelho, resultado de amor-próprio definido e maduro.
Gosto de ver o movimento feminino. Caetano em sua pseudo bi-sexualidade para mim, a descreve de forma interessante. Ama tanto a alma feminina que permanece homem apenas para tê-la. Sabe não seria suficientemente eficaz em copiá-la.
Enfim, pesquisando imagens, fiquei pensando na quantidade de gente boa que tenta reproduzir o que, em algum momento das nossas vidas, são as imagens das fadas. Material extenso para tentar reproduzir aqui no seu amplo significado para meros mortais. Aliás, sintonizo-,me com qualquer pessoa que tenha buscado significados, imagens e até interferência desses seres imaginários em suas vidas. Não pelos significados, mas compreendo que são pessoas que como eu, têm suas pontes de fios de prata, que passeiam por outras esferas, explorando todas as possibilidades onde suas mentes e almas consigam alcançar.
Ainda, as fadas. Que imagens sensacionais artistas foram criadas por conta do tema. Mulheres sempre lindas, esguias, com asas transparentes, diferentes das imagens das mulheres-anjos, estas de penas. Seres tão leves capazes de voar. Mais que isso. Seres mágicos, capazes de tornarem reais os desejos de humanos carentes de algo. Os anjos também.
De acordo com a teoria cristã, anjos são assexuados. As imagens, não. Mulheres belíssimas. Suas asas, com penas como da águia real que guardo no quarto, dão-nos a sensação de força para poderem voar. Talvez precisemos pensar em nossa possível “porção-anjo”, no percentual de pureza que desejamos e precisamos ter em nosso corpo e alma. Talvez esteja aí a sedução do olhar parado naquelas asas e rosto angelical. Algumas imagens, com a figura feminina, meio anjo, meio demônio, mostrando os necessários dois lados que todos temos.
As fadas, ainda.A beleza e a leveza. Inseridas num milhão de teorias sobre o assunto. Tem classificações, como a “fada do sol”, “fada disso”, fada daquilo,...normalmente seres da natureza. Há centenas de anos criadas, e já com preocupação ambiental.
De qualquer forma, seres belíssimos. Adoro suas orelhas pontiagudas.
Pensava em tudo isso, enquanto namorava mais um pedaço de parede do meu quarto. Os próximos personagens, só me vêm alados. Fácil ver a vontade de voar. Devo dar pouco trabalho a minha terapeuta. Amaria mulheres-anjo com orelhas pontiagudas.
Inicialmente as imagens de mulher-anjo. A idéia da morte me fez parar por segundos.
Ainda não. Prefiro explorar a beleza das muitas paredes que ainda pretendo criar. A idéia do outro lado parece ter paredes, se houver, etéreas demais para meus grafites. Não conseguiria esfumaçar como gosto. Quero ainda muitas paredes frias, aquecê-las com a expressão da minha alma. Registrar minha passagem por aqui.
A tentativa hoje, poética além da conta, é a tentativa de desprezar os ponteiros. Concentrada em uma viagem escolhida, interessante o suficiente, não banal o suficiente, filosófica o suficiente. Ainda que seja um quebra-cabeças que acrescentará algo mais a minha existência.
Pela manhã, terei convivido com o ponteiro digital e de quebra, um tanto mais inspirada. Apaixonada. Sem o quê, não seria Andréia.
Amo.
19.07.2010 (dias antes do Dia D)
CÉU DE ESCADA (parte)
...
Essa noite, a mulher sentou-se nos degraus da escada da cozinha. Olhou para o céu de estrelas, limpo, grandioso como Deus.
A mulher viu seu rosto espelhado no céu dessa vez. Cada estrela, uma história vivida. A imensidão e sua paz. O escuro que não trouxe medo dessa vez, afinal, azul ainda.
Tenta ela não questionar o passado. Chega de balanços. Resta-lhe o resultado. Aceita-se como é, ou quase isso.
Olha para o céu ainda. As estrelas, histórias vividas permanecerão por milhões de anos, como e apenas isso: histórias vividas.
Em alguns momentos a mulher com pele resistente ainda. Em outros, a criança feliz.
Ela tende a questionar a imensidão azul escuro. A felicidade estaria finalmente a caminho? A visão do infinito sugere todas as possibilidades. Sonhar de novo. Mais que isso.
A imagem refletida no céu de escada convida...primeiros passos ainda. O bom paraquedista segura-se para não saltar antes, tamanho seu desejo de voar. Assim é.
A mulher um tanto cansada deita-se, dormir consigo.
.....
Bate o cretino do caboclo no vidro da janela. Pergunta primeiro, como pudera ela essa noite ter escrito sem que ele estivesse presente?
Segundo, quando, afinal, pretende ela desfazer-se dessa pele?
Enxerido, encrenqueiro, leva hoje apenas o sorriso da mulher. Terão ainda muitas estrelas prá contar.
CORES
Sempre que sinto esse “caboclo escrevedor” chegar, é a mesma sensação. Preparo-me sem saber o que esperar exatamente. Algumas vezes premonitório, outras papo tipo “bicho-grilo”, outras a sensação de estar conversando com a tutoria de Deus a meu lado(como se esse algum dia tivesse ausente, tola).
Hoje, cores. Como se cada gesto, palavra, pensamento tivesse colorido especial.
Branco: quando, por exemplo, vejo os gestos da criança nas pessoas. Aquela aura angelical, referindo-me a pureza, já que pequenos anjos sabem ser danados quando querem. O olhar sincero do adulto faz-me ver.
Cinza: pode ser a cor do ar, não o poluído, fisicamente. Adquire essa cor em torno de duas pessoas que não tem seus assuntos claros, bem resolvidos. Uma névoa os envolve.
Verde: vejo, por alguma razão, em torno das pessoas do bem, das bem intencionadas. Sem buscar aqui explicações cientificas, apenas permitir-me o sentir para tentar explicar.
Outras cores básicas teriam sentido para mim, por si só. Mas seria simples demais. O normal, o comum, é uma mistura de cores, tons e nuances em cada contato diário com todo o tipo de pessoas com quem convivo, ou apenas àquelas em quem esbarro.
Dia desses, por exemplo, seria necessário o uso da burca em uma colega de trabalho, que imagina passar-me a imagem de seus bons sentimentos com relação a mim. Seu olhar, gestos e expressões falavam claramente sobre o quanto a incomodo. Imagina poder ver a alma da pessoa que expressa com a boca, palavras que contradizem completamente o que consegues ver. Chega a ser engraçado. Como diria Jô Soares, “morro de rir por dentro”. Rir para não chorar. Muito triste ver a infelicidade do outro passando calmamente sob os olhos do meu pensamento. Nesse caso, envolvo-me de lilás, prata, ouro. Juro que funciona. Protege-me.
Meus olhos. Agradeço a Deus todos os dias por eles.
Por muitos anos, precisamente dez, exercitei o desenho e a pintura a óleo em um atelier de uma mestra, em casa vizinha a minha. Um dia, há cerca de um mês, a vi na rua, bem velhinha e talvez já senil, pois percebi que não me reconheceu. Deixei que passasse e meus olhos ficaram pesados de gratidão. Ela deve ter sentido meu abraço imaginário, pois estava com expressão de muita paz. De dever cumprido. Graças a ela, desenvolvi algumas habilidades, hoje um tanto esquecidas.
Ensinou meus olhos a perceber as formas mais sutis, as curvas, a luz, as sombras, as cores e suas infinitas possibilidades. Era como aprender a ler, depois reproduzir e finalmente criar.
Tentando observar a linha dos olhos, aprendi a lê-los. Tentando capturar o movimento, aprendi a entender frações de reações . Tentando reproduzir a beleza de tudo no entorno, aprendi a reconhecer o valor da felicidade quando deparo-me com ela. Tentando reproduzir a felicidade, descobri o amor.
D. Cecília, o nome da generosa senhora, que já na época um tanto idosa, tinha firmeza sutil no seu traçado. Descobrira há muito, uma parte dos segredos das artes dos gênios. Revelara alguns talentos. A mim, tecnicamente, habilitou-me no que diz respeito à produção artística. Mas o que não tem preço, foi a instrumentalização no que se refere a percepção da vida.
Uma coisa é passar os olhos sobre os fatos, as pessoas, o cotidiano. Outra, é delgar o olhar para os detalhes, as nuances.
Hoje, se alguma observação esboço sobre o que vejo, percebo ou sinto, em alguns momentos posso chocar, surpreender, não ser entendida até. Mas tenho consciente meu olhar sobre o que me envolve e sobre a alma das pessoas. Ás vezes melhor falar, outras calar, aprendizado esse difícil.
Nada tenho demais. Sou comum. Dona Cecília apenas me ensinou a ver “as cores” da existência. A vida, essa sim, preparou-me grande escola. Espero, francamente, ser considerada aprendiz pelo grande Mestre ainda por muito tempo. Se ele não o quiser, que sejam leves as cores do céu.
O começo de tudo
Como força da Natureza, o amor é o que impulsiona tudo o que há de melhor nas pessoas.
O amor que sinto por minha filha e sempre com o estímulo de meu amado, há cerca de um ano escrevi pequeno livro com 13 temas, onde pretendia deixar o que de melhor havia em mim para minha filha que completava 21.
A partir disso, a descoberta do prazer de escrever. De contar histórias. De fazer o leitor visualizar o que eu vejo.
Depois disso, mais textos, mais histórias contadas. No início, relatos na terceira pessoa, com a ajuda de personagens que criei como apoio ao combate ao pudor e a timidez. Aos poucos, como amizade que amadurece, comecei a contar tais histórias na primeira pessoa. Naturalmente.
A tela de plasma, sempre gentil e receptiva, permite-nos a descoberta de quem somos de fato. Permite-nos, desde criar e podermos ser quem quisermos, como na imaginação fertil da criança,até relatar como confidência crua naquele momento com nosso melhor amigo, ou a Deus.
Durante esse ano, a necessidade de escrever e voltar aos grafites e pincéis.
É um marco inesquecível a ida a uma loja encantadora, que denomino carinhosamente "santuário", onde reencontrei velhos amigos. Os grafites, dos mais simples aos mais sofisticados, pincéis, tintas, telas e toda sorte de instrumentos para a criação.
Nesse dia, no exato momento em que os revi, depois de tantos anos , meu amado testemunhou minhas lágrimas. Emocionada, não tinha noção da falta que me fizeram todo esse tempo.
Então, eis-me aqui. Na tentativa humilde de expor meu trabalho. Ainda o desejo de troca de experiências com quem goste dos assuntos ou ainda a impressão de quem apenas tenha curiosidade.A interatividade é o objetivo. Como pedagoga, entendo que ensinamos enquanto aprendemos e vice-versa. É isso que vale a pena ao final de tudo.
Ainda e também, deixar o registro da trajetória da busca de profundo auto-conhecimento.
...o trabalho não necessariamente estará disposto na mesma ordem em que foram criados. Até porque, devemos todos saber que o tempo é relativo, se avaliado sob vários pontos de vista. Somos, afinal, o resultado de tudo o que ocorreu há trinta anos e há trinta minutos atrás.
PAZ
O amor que sinto por minha filha e sempre com o estímulo de meu amado, há cerca de um ano escrevi pequeno livro com 13 temas, onde pretendia deixar o que de melhor havia em mim para minha filha que completava 21.
A partir disso, a descoberta do prazer de escrever. De contar histórias. De fazer o leitor visualizar o que eu vejo.
Depois disso, mais textos, mais histórias contadas. No início, relatos na terceira pessoa, com a ajuda de personagens que criei como apoio ao combate ao pudor e a timidez. Aos poucos, como amizade que amadurece, comecei a contar tais histórias na primeira pessoa. Naturalmente.
A tela de plasma, sempre gentil e receptiva, permite-nos a descoberta de quem somos de fato. Permite-nos, desde criar e podermos ser quem quisermos, como na imaginação fertil da criança,até relatar como confidência crua naquele momento com nosso melhor amigo, ou a Deus.
Durante esse ano, a necessidade de escrever e voltar aos grafites e pincéis.
É um marco inesquecível a ida a uma loja encantadora, que denomino carinhosamente "santuário", onde reencontrei velhos amigos. Os grafites, dos mais simples aos mais sofisticados, pincéis, tintas, telas e toda sorte de instrumentos para a criação.
Nesse dia, no exato momento em que os revi, depois de tantos anos , meu amado testemunhou minhas lágrimas. Emocionada, não tinha noção da falta que me fizeram todo esse tempo.
Então, eis-me aqui. Na tentativa humilde de expor meu trabalho. Ainda o desejo de troca de experiências com quem goste dos assuntos ou ainda a impressão de quem apenas tenha curiosidade.A interatividade é o objetivo. Como pedagoga, entendo que ensinamos enquanto aprendemos e vice-versa. É isso que vale a pena ao final de tudo.
Ainda e também, deixar o registro da trajetória da busca de profundo auto-conhecimento.
...o trabalho não necessariamente estará disposto na mesma ordem em que foram criados. Até porque, devemos todos saber que o tempo é relativo, se avaliado sob vários pontos de vista. Somos, afinal, o resultado de tudo o que ocorreu há trinta anos e há trinta minutos atrás.
PAZ
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