quarta-feira, 20 de abril de 2011

Solidão

Solidão
O superego entra na sala e escandalosamente faz essa cara de “...tadinha, como é só!!...”
Pelo amor de Deus, fala sério, quem pensa que solidão é razão de piedade. Gente, todo mundo é em essência, sozinho.
Economizem os muitos anos que levei pra saber que solidão é como Pepsi, só tem ela, pode ser? Pode ser... até pode ser bom.
Especialmente se for falar de artista. E me dou o trabalho de enumerar, economizando teu tempo:
Primeiro: Não é qualquer pessoa que tenha saco, talento, inspiração para aguentar alma de artista. Em uma continha básica, retira aí, o modesto número de 5.436.635.425 pessoas do planeta, que absolutamente não tem qualquer competência para a função para ser companhia para artista.
Segundo: Dos que teriam alguma chance, 495.324.433 têm seu próprio talento, que, portanto tem mais o que fazer a dar importância para o tal neurótico.
Terceiro, pra abreviar o assunto, alguém que tenha seu próprio Universo de realidades paralelas, uma casa branca só sua( milimetricamente pensada)....
Um“Bóris" só seu...
Personagens que só o artista tem ao alcance da sua mão...

... e mais uma infinidade de seres que só povoam a sua mente inquieta...esse ser, definitivamente não é digno de pena.  Quando um tanto, de respeito.
Certamente não é fácil o convívio de uma mente inquieta consigo mesma, excessivamente criativa, em contraponto constante com realidades tão cruas. Mas posso assegurar que é pelo menos mais divertido que a mente só de um teórico sem grandes pretensões criativas. E mesmo esse deve divertir-se um tanto.
Pareço justificar o desnecessário, na intenção de tranquilizar bons samaritanos de plantão.
 Solidão é o olhar do farol. A conotação de tristeza quem agrega somos nós. Atrevo-me a dizer que é a opção de ter um ângulo de visão só seu, desde que nunca cegue.
 É a opção. O bônus é a vista do mar entre o azul profundo e o prata da lua cheia.

Permito-me



Permito-me...
Permito-me hoje a companhia tranquila de mim mesma. Sem ruídos, exceto os que habitam em meus pensamentos desde...sempre.
Há tanto tempo acompanhada(tempo demais) do relógio sempre sem tempo, dos compromissos, dos diálogos nunca pedidos, das convivências nem sempre desejadas, das ditas obrigações dos adultos. De tudo, o relógio é o mais sovina. Sempre sem tempo extra, apressa-nos até em nossos batimentos cardíacos.
O desgraçado pensa que o mundo vai acabar e o pior é que nos convence disso. Como se, ao atrasarmos dez minutos pela manhã, a empresa não abriria, os clientes começariam a gritar por atenção, o chão se abriria em fendas, o trânsito pararia, a cidade ruiria. E por instantes, até acreditamos nas inverdades compulsivas do maldito relógio.
Nossa mente, carente de tempo para si, de prazer do mais puro ócio, encontra arte até em enquadramentos visuais dos mais inusitados.
Tempo. Assunto sempre difícil.