Filial 11.12.2010
Depois de sete horas, pernas e pés doloridos, pincéis por lavar e bagunça para arrumar, posso dizer que satisfeita.
De tanto exercitar a visualização de lugares onde gostaria de ser além de estar, imaginei um recanto bem aconchegante, onde se respire paz.
Conforme foi se desenhando no quadro que só eu vejo, a história que vem com o lugar, se ajeitando. Tudo tão simples, que chega a ser brilhante. A idéia, não meu quadro. Retoques são a rotina.
A casa onde mora esse recanto, fica em lugar plano, bem gramado e bastante arborizado. Ao lado da varanda de sentar e contemplar, tem a parreira, que nessa época fica pesada de uvas rosadas e doces. Mais adiante, ao lado do galpão, o cercado da horta, onde colhe-se pés de alface do tamanho dos de couves, que dividem espaço entre si, além dos tomates e temperos variados.
O lugar dá certa sonolência, de tão quieto. Para essa necessidade, existem redes de algodão cru à disposição para quem quiser relaxar.
No inverno, além do calor da cozinha, tem-se o luxo da lareira na sala. O espaço é o melhor lugar para ler e namorar.
Ali não são permitidos tantos artefatos da modernidade. Todo computador e telefone celular, pode esperar para segunda-feira. Um retiro da vida agitada, tão urbana. A menos que seja para escrever boa história num sábado à tarde. Nesse caso, o notebook se encarrega de guardar as boas idéias escritas relaxadamente.
Ali é permitido fumar, mas muito menos do que de costume. É permitido beber apenas para comemorar a vida, durante ou após jantar, ou enquanto este é preparado.
Outra regra, é a de se cozinhar quando se tem vontade. As receitas das mais simples e cotidianas às exóticas, vindas de todos os cantos do mundo.
O lugar é indicado para reverenciar o amor. Também a amizade, quando os amigos são bem vindos. Raríssimos conhecem o endereço.
É lugar para fugir e se encontrar. Lugar para pensar, refletir, planejar. É também, feito sob medida para estudar.
Cada detalhe simples, existe para lembrarmos quão pouco precisamos para nossa felicidade. O pouco ali é relativo. Tem-se muito, quando cada detalhe é pensado com carinho de quem ama a si e sua casa.
É uma filial de campo da casa branca. Dá um pouco de trabalho manter tudo perfeito, mas essas tarefas deixam de ser peso, pelo bem estar adquirido.
O cantinho retratado é apenas isso, um cantinho. Tem-se que escolher algum para fotografar. Parte do todo, que só olhos internos conseguem ver.
Na cozinha, fogão à lenha, mesa de madeira tombada, flores, frutas, e outros elementos que traduzem simplicidade. Até mesmo um bom vira-latas, preparando-se para dormir(acho que é irmão de Dora).
Os únicos sons quem não vem da natureza, são os reproduzidos de cd’s. Normalmente a vizinhança ouve de longe musicas clássicas e seus solos de violinos ou pianos. Em alguns domingos, outras vezes ouve-se os sons do jogo de futebol.
Liberdade da democracia é lei. Cada um faz o que quer, o que gosta, como e quando quiser. Não importa o número de pessoas, ou quando apenas uma, a regra permanece. O resultado é sempre melhor quando se sai do que quando se chega de lá.
...
Quando consigo estabelecer contato forte e estável com minhas visualizações, o difícil é trazer-me de volta. Só venho, porque sei que, escritos, sempre poderei ler e acessar todos os dados a qualquer tempo. É um luxo e um alívio. Um green card de outras esferas.
Bom também, é que não preciso limitar-me a um número qualquer de endereços aonde deseje ir. Sempre poderei diversificar as cores e sabores dos meus lugares de ser.
E quando lugar é como esse, quase uma sala de ser dentro de mim, posso variar apenas os acontecimentos que ocorrem nela. Um dia, o foco nas músicas e leituras. Em outro, experiências culinárias. Noutro, o relato de histórias contadas e ouvidas no sofá. Mil histórias em único lugar.
Escrever e pintar lugares de ser. Pode ser boa idéia. Tema vastíssimo para pensar numa próxima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário