segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Medos


Medos

Não adianta, o caboclo vai frustrar hoje. Aviso-o. Ele aceita e senta-se na poltrona imaginária. Espalha-se confortável. Sabe ele que hoje é dia de ler. Não de ditar. Ferido em seus brios narcisos e egocêntricos, acata com dignidade minha decisão. Abre mão (hoje) dos holofotes.
...conto-lhe algumas passagens reais..
Ter medo não é ausência de coragem. É conseguir ler a íris do dragão, tamanha proximidade. Poder sentir seu bafo na cara e ainda permanecer sem correr, olhá-lo de frente. É nesse instante que o medo vira coragem de tamanho proporcional. As idéias medo/coragem, observo se
completam em seus objetivos. Andam invariavelmente entrelaçadas, quando se aproximam, como se magneticamente. Inexistem separados.
Vejo a Síndrome do pânico com respeito como a uma entidade. Adormecida, conheço sua potência. Sei que, se deflagrada, levo até quinze dias para retomar atividades simples, usando medicação, que deixo perder a validade em casa(graças a Deus), mas que sempre tenho à mão, para qualquer emergência.
Mostro aqui quão necessárias algumas armaduras. A tal coragem tem sido maior. Não por heroísmo, mas por prevenção. Simplesmente preciso ter coragem, ou posso acabar subjugada à moléstia.
Numa equação simples, medo de sentir medo = coragem.
Simples assim, sem heroínas nessa história contada.
O caboclo sério só me olha, digerindo minhas palavras.
Sugiro a ele outro momento para falar sobre pequenas passagens reais. Haverá tempo, pois ainda que o medo seja inerente à vida, a coragem de continuar também.
 



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