Mãos...
Hoje o caboclo escrevedor recebeu seu primeiro pedido. Uma encomenda. Foi-lhe dito: escreve sobre...
Pois bem, a saber, o tal caboclo goste ou não, reside em mim. Tem lá suas exigências e eu as minhas. Tem suas imposições, desejos, pontos de vista. Eu idem.
Pela primeira vez ele pode desejar escrever uma coisa e eu outra. Nesse embate, ver o que pode sair de útil.
Ele deseja mergulhar nas teias dos relacionamentos das pessoas. Mais que isso, aprofundar a discussão sobre os sentimentos que envolvem seres que se querem, que se desejam. Descreve ele o relacionamento ideal, atreve-se inclusive a mostrar as mãos entrelaçadas, desenhando como elas se combinam e se completam.
Ele pede que entrelaces tuas mãos.
Nenhum dedo foge ao conforto do encaixe perfeito. Cada dedo cede lugar ao outro que se encaixa. Nenhum reclama do outro. Os dez ficam em perfeita harmonia, enquanto juntos.
Podes pensar, o que tem isso a ver com relacionamentos?
Embora poucos, raros, quando muito parecidos, podem chegar ao conforto do encontro. Tais relacionamentos têm guardados em si, segredos só seus.
A posse. Sabem-se um do outro. Ninguém precisa provar nada ao outro. Se o fazem, é por pura satisfação de provocar um sorriso.
O carinho sincero. Basta o olhar em qualquer circunstância para trazer conforto. Os iguais têm sua linguagem própria. Não necessariamente precisam expressar em palavras, pois o outro sabe, antes que palavra seja pronunciada. O bem querer é tão grande, que um quase vive para a felicidade do outro, pois lhes parece óbvio que se um feliz, o outro também.
A ausência de ciúmes seria característica dessas mãos entrelaçadas. Alguns pares levam anos para chegar à óbvia conclusão. Elas sabem que somente aquela encaixa com perfeição na outra. Outro par seria no mínimo, estranho. Não combinaria. A temperatura, textura, forma. Somente duas tem a combinação perfeita.
Uma mão acredita no que a outra é, fala, pensa, diz, sente. É natural, como respirar. Uma mão não pede fé a outra. Conquista.
O aprendizado mútuo é desejado e aceito. A admiração mútua também. Forte combustível, estimula a vontade do momento eterno. Uma mão não quer que o tempo passe, se ao lado da outra. Quer que passe tranquilamente, sorvendo o deleite da convivência. Se uma por qualquer razão vir a faltar, a outra tende a atrofiar, pois igual, sabe nunca mais. Parecidas, talvez. Igual, não mais.
Convido-te a pensar que outras características te parecem verdades sobre o amor, olhando ainda tuas próprias mãos entrelaçadas. Podes ter aí, a idéia de coisas que faltaram ao caboclo te dizer sobre o assunto. Talvez ele não queira dar-te pronto. Talvez ele queira que penses sobre o assunto.

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